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Floresta+ apoia troca de saberes sobre roças com mulheres indígenas do Amapá
Com apoio do Projeto Floresta+ Amazônia, dentro da Modalidade Comunidades, e em parceria com o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), a Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão (Amim) realizou, no final de maio, uma série de oficinas de troca de saberes sobre sistemas agrícolas na região do Oiapoque, no Amapá. Com ênfase na equidade de gênero dentro do âmbito das mudanças climáticas, as atividades envolveram 194 pessoas, sendo 152 mulheres em três aldeias: Ariramba, Kunanã e Kumarumã.
Com duração de dois dias cada, as oficinas foram moderadas pela consultora Roselis Mazurek e promoveram a troca de conhecimentos – novos e antigos – sobre práticas agrícolas. Na região do Oiapoque as roças de mandioca (maniva), principal fonte de subsistência das comunidades indígenas, foram atingidas por pragas. Chuvas acima do esperado, aumento da temperatura, desgaste do solo e outras variáveis, resultado direto das mudanças climáticas, levaram à perda de mais de 80% das plantações. A maneira de lidar com essa realidade foi um dos pontos centrais dos debates.
Ainda no escopo da oficina, Roselis apresentou as experiências dos Agentes Ambientais Indígenas (Agamin) no manejo das roças e suas estratégias para mitigar os impactos da mudança do clima, como a implementação dos Sistemas Agroflorestais (SAFs). As mulheres indígenas também puderam relatar seus saberes na lida com as roças, em especial sobre como preservar a saúde da maniva, além de relembrarem rituais e outros saberes ancestrais que vinham deixando de fazer.
Na visão de uma das participantes da oficinas, Marinalda Tavares da Silva, do povo Karipuna, ocasiões como esta são importantes para mesclar os saberes tradicionais com as técnicas mais modernas de cultivo e manejo. “Nós debatemos sobre a situação das nossas roças, que estão morrendo. Aprendi muito, mas quero aprender ainda muito mais”, diz Marinalda, agradecendo ainda ao Projeto Floresta+ pela oficina.
Para a presidente da Amim, Janina Santos Forte, a oficina foi uma excelente oportunidade de troca de conhecimentos e de reforço na autonomia das mulheres indígenas do Oiapoque. “Este projeto foi pensado como uma forma de tentar amenizar os problemas fitossanitários enfrentados pelos povos indígenas da região”, destacou Janina.
De acordo com a assessora do Programa Oiapoque do Iepé, Teresa Harari, as mulheres têm notado como, nos últimos anos, as mudanças no clima estão afetando seu dia a dia, especialmente nas atividades de roça, caça e pesca. “Temos visto um desânimo muito grande em relação às roças. Mostrar as experiências positivas, tanto dos Agamin quanto de algumas mulheres nas diferentes regiões, contribuiu para renovar a esperança”, ressaltou.
“Outro aspecto interessante das oficinas foi a troca de saberes de mulheres de diferentes idades e a vontade de retomar práticas e saberes ancestrais, como cantos e defumações”, completou Teresa.