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Guardiãs da Amazônia: mulheres são pioneiras na conservação da floresta

No coração da floresta amazônica, em meio a um mosaico de paisagens rurais e realidades locais, as mulheres emergem como guardiãs que protegem florestas, rios e territórios. Sua sabedoria e trabalho, sejam eles oriundos da herança indígena ou quilombola, do legado ribeirinho ou do trabalho na agricultura familiar, tecem uma potente rede de conhecimento sobre conservação da natureza.  Por meio do cultivo de plantas medicinais, da criação de bancos de sementes e do cuidado dos quintais produtivos ao redor de casa, elas ajudam a conservar a biodiversidade e as paisagens florestais únicas do bioma amazônico.

Uma jornada de propósito: uma empresa social tendo à frente mulheres na Amazônia

Valéria Mourão, com experiência em biotecnologia e paixão pela preservação da Amazônia, fundou a “Deveras Amazônia” em 2018, uma empresa socioambiental dedicada à produção de geleias e licores a partir de frutas e plantas indígenas, apoiando comunidades indígenas e meios de subsistência sustentáveis.

A jornada de Valéria Mourão começou com um sonho: movida por um profundo senso de propósito, ela imaginou uma empresa social que ajudaria as comunidades e agregaria valor. Doutora em biotecnologia com pós-doutorado em recursos naturais da Amazônia, Valéria vem pesquisando plantas e ervas nativas da Amazônia há mais de 10 anos.

Em 2018, se tornou co-fundadora da “Deveras Amazônia”, uma empresa socioambiental com foco na produção de geleias e licores, com a missão de celebrar e sustentar a riqueza da floresta tropical.

Apoio às comunidades locais para conservar a floresta

Valéria e sua equipe de 19 mulheres processam e beneficiam grande  variedade de frutas e plantas locais, incluindo açaí, camu-camu, pupunha, cupuaçu, castanha e Victoria amazônica. Por meio de seus esforços, elas criam licores, geleias e conservas requintados, defendendo o patrimônio cultural e os meios de subsistência sustentáveis.

“Como empresária socioambiental no Brasil, a jornada é desafiadora especialmente na Amazônia – é mais do que apenas empreendedorismo; trata-se de resiliência. Enfrentamos desafios que vão muito além do mero comércio; trata-se de apoiar as comunidades em sua luta para preservar a floresta e seus modos de vida sustentável. O verdadeiro empreendedorismo não  trata apenas de lucro; trata de incorporar nossas crenças, valores e respeito a nossa biodiversidade. Trabalhamos com dedicação, inclusão e empatia – qualidades inerentes às mulheres”, ressaltou Valéria.

Diferenças de gênero na agricultura familiar

Iniciativas comunitárias, como o negócio de Valéria, são ainda mais importantes para as mulheres locais, pois elas podem gerar renda para sustentar a si mesmas e suas famílias, reduzindo assim sua dependência de papéis tradicionais de gênero e de apoio externo. Os desafios enfrentados pelas mulheres incluem a sub-representação delas nos registros de propriedade rural e barreiras socioeconômicas e culturais.

As mulheres representam cerca de 40% da mão de obra na agricultura nos países em desenvolvimento, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do Brasil (IBGE) revelam que a propriedade rural é predominantemente masculina, com 81%. Enquanto as mulheres representam apenas 19%, o que equivale a aproximadamente 946.000 agricultoras. Entre os 5,1 milhões de produtores identificados pelo IBGE, uma análise das operações agrícolas e extrativistas demonstra que os estabelecimentos com produtores indígenas apresentam as maiores taxas de participação feminina, chegando a 25,90%. Os dados também ressaltam a considerável distância ainda a ser percorrida para alcançar a igualdade de gênero nas áreas rurais e nos territórios da Amazônia brasileira.

Traçandos caminhos para a igualdade de gênero

Iniciativas como o projeto Floresta+ Amazônia têm desempenhado um papel fundamental na valorização e no incentivo do protagonismo das mulheres. O projeto além de compensar pessoas e iniciativas  que conservam e revitalizam a floresta, também contribui ativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa. A iniciativa realiza  pagamentos por serviços ambientais e promove ações  locais em colaboração com comunidades e parceiros. Valéria Mourão, com seu empreendimento socioambiental, é uma das beneficiárias do projeto Floresta+ Amazônia por meio do Programa de Aceleração.

Ana Paula Oliveira enfatiza a importância da preservação da Amazônia ao refletir sobre um projeto na comunidade de Cachoeira do Aruã, no Pará, que protegeu cerca de 26 hectares de vegetação nativa.

“Precisamos manter a Amazônia viva e em pé”

Na comunidade de Cachoeira do Aruã, no Estado Pará, a agricultora Ana Paula Oliveira reflete sobre a chegada oportuna do projeto que protegeu quase 26 hectares de vegetação nativa intocada, superando as exigências legais. “O projeto veio para demonstrar que não precisamos desmatar ou derrubar árvores para plantar. Precisamos manter a Amazônia viva e em pé.” Hoje, sua terra continua sendo um oásis de conservação, uma prova do apoio do projeto.

Ao Projeto Floresta+, também  fomenta e apoia ideias e negócios com foco na sustentabilidade e na valorização dos produtos oriundos da sociobiodiversidade, é um exemplo de inclusão e formação tento como público  mulheres e jovens. Com uma taxa de participação feminina de 63% em seus eventos de treinamento e geração de soluções, o programa defende a igualdade de gênero e a diversidade. Entre as 12 empresas na fase de pré-aceleração, metade é liderada por mulheres e 67% das selecionadas para o processo de aceleração são lideradas por empreendedoras . Essa estatística ressalta o papel fundamental que as mulheres desempenham na promoção da inovação e da sustentabilidade dentro da estrutura do projeto.

O apoio às mulheres está descrito na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, especificamente no ODS 5, pois a igualdade de gênero é um direito humano básico e uma necessidade na busca de um mundo sustentável. Esses conceitos são solidificados no Projeto Floresta+ Amazônia, resultado de uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima (MMA) e o PNUD Brasil, que remunera aqueles que conservam e protegem a floresta, com o apoio do Fundo Verde para o Clima (GCF).

O projeto compensa aqueles que protegem e restauram a floresta e contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, concentrando-se em estratégias de pagamentos por serviços ambientais e apoiando iniciativas locais definidas pelas comunidades e desenvolvidas com seus parceiros.

Até 2026, a iniciativa reconhecerá o trabalho de agricultores, povos indígenas e povos e comunidades tradicionais, além de fortalecer a Estratégia Nacional de REDD+ e o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal, com recursos do GCF.

O projeto demonstrou progresso na implementação das diretrizes de igualdade de gênero por meio de seu Plano de Ação de Gênero. Um exemplo é a Modalidade Comunidades  que concentra no fortalecimento da gestão ambiental e territorial em comunidades indígenas e tradicionais, com mulheres liderando o desenvolvimento de propostas em 32% dos projetos.

Fotografias: Acervo Pessoal, Genilson Guajajara, Marcos Santos, Rossana Fraga,Acervo PNUD/Floresta+, Acervo ONU Brasil e Reprodução/Conservação Internacional.

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